domingo, janeiro 28, 2007

A BOUT DE SOUFFLE

Para ir entrando na Nouvelle Vague que em Fevereiro o Cine-Clube nos traz, entenda-se cinema contemporâneo com um travo a nouvelle vague, começou-se cá em casa com o

A Bout de Souffle

um filme de Jean-Luc Godard, onde se percorre Paris em alta velocidade com interregnos de acalmia intíma onde se discutem afectos, moralidades e imoralidades, onde se comparam culturas e posturas... não vale a pena descrever, vale a pena ver.

Michel (Jean Paul Belmondo) e Patricia (Jean Seberg) nos Champs-Elysee.

terça-feira, janeiro 23, 2007

PELAS RAMAGENS

Ni, Março de 2006.

SOBREIRO KUSTURICA

Num passeio pelo sul do concelho de Torres Novas,
com uma arquitecta que muito aprecio.
Ni, Fevereiro de 2006.

segunda-feira, janeiro 22, 2007

À BEIRA DA RIBEIRA

Já lá tinha vivido,
compreendia agora que para lá morar
seria imprescindível adquirir um impermeável.

Ni, Fungalvaz, 2007.

quinta-feira, janeiro 18, 2007

CRÓNICAS DE INVERNO


Santiago esperava pelo autocarro, estava transido de frio dentro do seu pesado sobretudo. As pessoas que o acompanhavam na paragem mantinham o ar absorto de todos os dias, olhavam displicentemente a rua e inquietavam-se com este ou aquele barulho mais inusitado.




O que mais lhe custava eram aquelas primeiras horas do dia, aquelas em que ainda não tinha despertado mas durante as quais se permitia a execução de tarefas rotineiras para dormir mais um bocado enquanto estava acordado.

Pensava na vida enquanto o autocarro não chegava, ponderava sobre o dia e sentia-se parte do rebanho, se o autocarro chegasse entretanto saltava rapidamente para fora do seu sonho abstracto e iniciava o dia como se calçasse as pantufas depois de saltar da cama.

Ana Sofia

FORA DE SERVIÇO

Ni, 2007.

OCRE EM PEDRA CINZA

Do cinza violento da pedra irrompia como se de uma espuma se tratasse...
cobria o frio da pedra como um cobertor de Sol,
... crescia como se de espuma se tratasse...
Ni, 2007.

sexta-feira, janeiro 12, 2007

CORES COM SAÍDA

Saiu da porta azul e entrou na porta vermelha,
procurou as pantufas cor de lilás, encontrou sacos beje
e fugiu no meio da fumarada cinzento...

Ni, Bairro da Sé, Porto, 2006.

CORDILHEIRAS DE ALGODÃO DOCE

Ni, 2006.

domingo, janeiro 07, 2007

BABEL

De Alejandro González Iñárritu vi 'Amor Cão', o primeiro da vaga de cinema sul americano que agora muito me agrada, o '21 gramas' e agora 'Babel'.
Babel é, para mim, um filme sobre mal entendidos, barreiras de comunicação, como na história bíblica, as muitas linguageens terminam no desentendimento e este por sua vez faz desabar a possibilidade de desenvolver uma obra comum.
É uma história onde se encontram quatro esferas civilizacionais, que muito ou pouco têm a ver umas com as outras. Civilizações diferentes com códigos de comunicação também diferentes e que, por vezes, com a mobilidade dos indivíduos são obrigadas a a conviver.
Parece-me que Babel é acerca desta convivência problemática, com acontecimentos casuísticos que obrigam a um segundo olhar sobre algumas questões. As barreiras de comunicação de que falo surgem transversalmente à questão civilizacional, pode ser física, pode ser cultural ou pode apenas ser toldada por uma miscelânea de sentimentos que atiram as personagens numa direcção e não noutra e fazem a trama escolher um sentido.
Não obstante a diversidade de paisagens percorridas todo o filme mantém um registo intimista, desbravando a maior parte do caminho que nos leva a criar empatia com as várias personagens. Entre o México e os Estados Unidos e o Japão e Marrocos encontramos famílias e os seus laços familiares, e personagens com as suas questões individuais.
Gostei do filme, foi um verdadeiro murro no estômago, com personagens dramáticas e divertidas a um só tom. Gostei especialmente do toque divertido de Chieko (Rinko Kikuchi) que penso que vai aparecer nas telas mais vezes nos próximos tempos.

quinta-feira, janeiro 04, 2007

HARUKI MURAKAMI

Para apresentar os sites de Haruki Murakami e já agora opinar sobre o último livro que li dele:

O Underground não é um romance intimista, não é pura ficção, não tem personagens mirabolantes nem paisagens de meter inveja. É um ensaio, uma reflexão acerca do atentado com gás Sarin perpetrado pela Seita Aum no metro de Tóquio, uma das cidades mais seguras do mundo.
O livro divide-se em três partes fundamentais: entrevistas às vítimas ou seus familiares, uma reflexão sobre o atentado, o seu impacte na sociedade japonesa, a importância das seitas religiosas e assuntos decorrentes destes e a terceira parte consiste em entrevistas a antigos seguidores da Aum.
Pensava no início que me ia fartar de ler dezenas de entrevistas acerca de uma mesma coisa, mas a verdade é que a abordagem personalizada e a vivência individual de um mesmo acontecimento é reveladora de quão diferente pode ser a percepção de cada um. A forma como cada pessoa lida com a perda de faculdades, com a revolta, a ira e a angústia contra o seu agressor transforma o simples relato dos factos num poço de emoções e numa demonstração da sua personalidade. Aqui, e ao contrário do que aconteceria num romance, não houve necessidade de criar personagens mas ao longo dos vários relatos vão-se criando empatias e antipatias por este ou aquele cidadão...
A minha parte preferida foi a das entrevistas aos seguidores da Aum, a forma como demonstram a similaridade dos seus pensamentos com a de qualquer um de nós; as crises existenciais, a busca da verdade e do sentido da vida, a perseguição de um bem maior e a ruptura com a sociedade incompreensível ou incompreendida.

No geral gostei e recomendo a quem goste de perscrutar a mente alheia.