quinta-feira, janeiro 04, 2007

HARUKI MURAKAMI

Para apresentar os sites de Haruki Murakami e já agora opinar sobre o último livro que li dele:

O Underground não é um romance intimista, não é pura ficção, não tem personagens mirabolantes nem paisagens de meter inveja. É um ensaio, uma reflexão acerca do atentado com gás Sarin perpetrado pela Seita Aum no metro de Tóquio, uma das cidades mais seguras do mundo.
O livro divide-se em três partes fundamentais: entrevistas às vítimas ou seus familiares, uma reflexão sobre o atentado, o seu impacte na sociedade japonesa, a importância das seitas religiosas e assuntos decorrentes destes e a terceira parte consiste em entrevistas a antigos seguidores da Aum.
Pensava no início que me ia fartar de ler dezenas de entrevistas acerca de uma mesma coisa, mas a verdade é que a abordagem personalizada e a vivência individual de um mesmo acontecimento é reveladora de quão diferente pode ser a percepção de cada um. A forma como cada pessoa lida com a perda de faculdades, com a revolta, a ira e a angústia contra o seu agressor transforma o simples relato dos factos num poço de emoções e numa demonstração da sua personalidade. Aqui, e ao contrário do que aconteceria num romance, não houve necessidade de criar personagens mas ao longo dos vários relatos vão-se criando empatias e antipatias por este ou aquele cidadão...
A minha parte preferida foi a das entrevistas aos seguidores da Aum, a forma como demonstram a similaridade dos seus pensamentos com a de qualquer um de nós; as crises existenciais, a busca da verdade e do sentido da vida, a perseguição de um bem maior e a ruptura com a sociedade incompreensível ou incompreendida.

No geral gostei e recomendo a quem goste de perscrutar a mente alheia.

1 Comments:

pelas 8:58 da tarde, Anonymous Anónimo instalou-se e disse...

Bom de reler este texto. Como tenho andado afastado das nétes neste novo ano ainda não tinha tido a disponibilidade para escrever.
Como gosto muito do Murakami é lógico que comprei este livro mal saiu (e depois embrulhei-o no dia 24 de Dezembro porque era prenda de Natal dos pais), mas também tinha os mesmos medos que tu. De que seja demasiado tortuoso. Mas vejo que não, pelo que - mal recomece a ler (pois ando noutras andanças ultimamente), este será um dos primeiros.
A capa, pelo menos, é bonita.

 

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