DEAMBULAÇÕES
À medida que deambulava sem destino e ponderava quão bom seria poder fazê-lo para sempre,
ia observando a copa das árvores portentosas que bordejam os passeios....
encontrei então alguém que, talvez cansado de deambular,
encontrei então alguém que, talvez cansado de deambular,
escolheu uma boa árvore para ficar apenas a observar!!!
Vi-lhe somente os sapatos,
Vi-lhe somente os sapatos,
mas talvez noutros momentos, em que alguém nos nos perscruta das copas das árvores,
[Ni]
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Um dia o senhor vian saiu de casa pela manhãzinha. Era cedo. Demasiado cedo talvez. Não havia ninguém nas ruas para além dos rostos habituais das manhãs excessivamente matinais: homens estremunhados pela proximidade da linha entre a noite e o dia; homens acabados de atravessar o limiar do sono. Deu alguns passos pelo passeio deserto. Cumprimentou dois ou três desconhecidos. E falou, claro, com o gato, que se cruzou com ele. De repente viu uma árvore. Ou melhor: a árvore. Havia outras. No caminho, ladeando o passeio ou os passos do senhor vian, havia outras árvores. Iguais. Diferentes. Talvez até sempre a mesma árvore. Mas quando de repente o senhor vian viu uma árvore, viu não uma árvore, mas a árvore. E então disse: «- Vou subir esta árvore. Vou passar a manhã do cimo desta árvore. Aqueles que, distraídos da vida e desprendidos do horizonte cinzento da cidade, soltarem o olhar e levantarem as cabeças em direcção ao cimo da árvore verão os meus sapatos, o princípio do prolongamento do meu corpo. Verão o começo da estaticidade do meu voo.”
Um dia a senhora ligeiro saiu de casa de manhãzinha. Atravessou o espaço deixado vago entre duas cidades. Ao chegar ao lugar necessário olhou para cima e viu dois sapatos no cimo de uma árvore. Não sabia que dentro deles o senhor vian arrancava o coração da manhã. Mas fotografou o princípio de um livro: os sapatos onde assenta o escritor.
(para nini e damil)
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