segunda-feira, fevereiro 14, 2005

DEAMBULAÇÕES

À medida que deambulava sem destino e ponderava quão bom seria poder fazê-lo para sempre,
ia observando a copa das árvores portentosas que bordejam os passeios....
encontrei então alguém que, talvez cansado de deambular,
escolheu uma boa árvore para ficar apenas a observar!!!
Vi-lhe somente os sapatos,
mas talvez noutros momentos, em que alguém nos nos perscruta das copas das árvores,
possamos observar de volta quem se fixa num pontinho.......

[Ni]

1 Comments:

pelas 4:06 da tarde, Anonymous Anónimo instalou-se e disse...

Um dia o senhor vian saiu de casa pela manhãzinha. Era cedo. Demasiado cedo talvez. Não havia ninguém nas ruas para além dos rostos habituais das manhãs excessivamente matinais: homens estremunhados pela proximidade da linha entre a noite e o dia; homens acabados de atravessar o limiar do sono. Deu alguns passos pelo passeio deserto. Cumprimentou dois ou três desconhecidos. E falou, claro, com o gato, que se cruzou com ele. De repente viu uma árvore. Ou melhor: a árvore. Havia outras. No caminho, ladeando o passeio ou os passos do senhor vian, havia outras árvores. Iguais. Diferentes. Talvez até sempre a mesma árvore. Mas quando de repente o senhor vian viu uma árvore, viu não uma árvore, mas a árvore. E então disse: «- Vou subir esta árvore. Vou passar a manhã do cimo desta árvore. Aqueles que, distraídos da vida e desprendidos do horizonte cinzento da cidade, soltarem o olhar e levantarem as cabeças em direcção ao cimo da árvore verão os meus sapatos, o princípio do prolongamento do meu corpo. Verão o começo da estaticidade do meu voo.”

Um dia a senhora ligeiro saiu de casa de manhãzinha. Atravessou o espaço deixado vago entre duas cidades. Ao chegar ao lugar necessário olhou para cima e viu dois sapatos no cimo de uma árvore. Não sabia que dentro deles o senhor vian arrancava o coração da manhã. Mas fotografou o princípio de um livro: os sapatos onde assenta o escritor.

(para nini e damil)

 

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